quinta-feira, 12 de junho de 2008

A INFLAÇÃO DO GOVERNO É UMA FRAUDE!!

A inflação do governo é uma fraude. Como eu já disse em um texto anterior, eu passo bem longe daquilo que pode ser chamado de “especialista” em economia. Eu também não tenho a mínima idéia de como é formado a lista do governo usada em seu cálculo inflacionário. Mas, assim como você, eu estou sempre nos mercadinhos e mercadões da vida e sei muito bem o quão cara está a nossa comida obrigatória de todos os dias.

Uma coisa que “eles” sempre dizem sobre esta maldita volta da inflação é que a maior parte dela é causada pelo “aumento mundial" dos alimentos. Então, é lícito dizer que a inflação de 5% (e seus quebradinhos ridículos) assumida por Lula e seus ministros é a mais pura, deslavada e sem vergonha mentira. E por quê? Simples, calcule o quando você gastava antes comprando rango (vamos nos ater a ele) e o quanto está gastando agora e tire as suas próprias conclusões. Abaixo eu descrimino a minha usando uma comparação aproximada, tosca com certeza, mas suficiente pra ter uma idéia do quanto custava e quanto está custando a cesta básica alimentar do brasileiro pobre . Note que não tem queijos, embutidos, defumados, bebidas, nada disso, mas só o básicão mesmo.

ALIMENTO PREÇO ANTES PREÇO AGORA

ARROZ (5 QUILOS) 5,00 10,00

BATATA (QUILO) 1,00 2,00

CAFÉ (1/2 QUILO) 3,00 4,00

LEITE (LITRO) 1,10 1,60

FEIJÃO (QUILO) 2,00 4,00

CARNE 2ª (QUILO) 4,40 8,00

PÃO FRNACÊS (QUILO) 3,00 5,00

MACARRÃO (1/2 QUILO) 1,20 1,60

FARINHA TRIGO (QUILO) 1,00 1,70

TOTAIS 21,70 37,90

Eu tomei como base produtos das marcas mais populares e baratas, quando possível, em um catado não muito profundo em mercadinhos, também populares, nas imediações de minha casa. Tem os "de marca" custando quase o dobro de muitos produtos, padarias com o quilo do pãozinho custando R$7,00, e por aí vai. Feitas as somas, a diferença entre o “antes” e o “depois” é de 59,6%!! Loucura! Esta é a verdadeira inflação do pobre! Se o total alcançado fosse de 20% já seria um absurdo, quatro vezes mais que a inflação do governo. E esta é somente a parte da comida. Pouco divulgado, o preço do GNV (Gás Natural Veicular) passou de R$1,1 (número médio em várias bombas) para um mínimo de R$1,6 (cerca de 45% de aumento!). Sem falar no preço de material de construção, produtos de limpeza e higiene pessoal, etc.

Meus amigos, eu sou do tempo em que a inflação chegou a 80% ao mês (“governo” Sarney e outros picaretas). Naquela época (década de 80) quando a gente pegava o mísero salário já saia comprando porque sabia que no OUTRO DIA tudo estaria mais caro. Quem tinha uma merrequinha a mais aplicava numa loucura chamada Overnight pra não ver a sua parca grana desaparecer. Tudo era indexado, inclusive o salário, o que não impedia que ele subisse, no máximo, de escada rolante enquanto os preços iam de elevador. Eu cheguei a ganhar MILHÕES (de qualquer coisa por mês) que não serviam para nada.

É só pesquisar as notas de dinheiro da época, de milhares de, novamente, qualquer coisa (quase sempre estavam criando cédulas de uma de valor maior) para entender do que eu estou falando, assim como os ridículos carimbos que transformavam “Cruzados” em “Cruzados Novos”, por exemplo.

HISTORINHA – Em 1993, mais ou menos, eu estava no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) para pegar um avião para Minas Gerais onde eu executaria um trabalho pela empresa onde eu trabalhava. Lá eu conheci a secretária de um empresário gringo (ela também, claro) que iriam pegar o mesmo avião (da falida VASP) para chegar na mesma empresa. Como tínhamos tempo de sobra antes do avião decolar fomos tomar um café. Na hora de pagar a belíssima moça puxou um maço de notas brasileiras que ela havia guardado de uma viagem anterior feita ao país havia alguns anos. Quando eu vi as cédulas, não sabia se ria ou morria de vergonha porque as mesmas já não valiam mais nada! No meu inglês tosco da época (melhorei um pouco), tentei, sem muito sucesso, explicar o porquê daquele dinheiro não valer mais nada. Disse, por exemplo, que “the Brazilian economy is a Shame” (a economia brasileira é uma vergonha), mas achei mais fácil encurtar a história e pagar o seu café.

HISTORINHA 2 – Em 1989, depois de mais de 25 anos pagando aluguel, de anos de economia guerra - nenhuma viagem, a maior parte das férias trocadas por uma graninha a mais, 13º totalmente poupado, etc. -, consegui juntar uma quantia suficiente para comprar uma casinha. Mas não sem antes passar por uma epopéia gerada pela inflação galopante. Um mês antes de fechar negócio eu tinha cerca de 16.000 Cruzados Novos, mas o proprietário queria algo como 18.000. Meu dinheirinho estava na poupança. O mês “virou” e o valor depositado passou para 28.000; o imóvel almejado foi aumentado para 22.000. Comprei e ainda sobraram uns mil cruzados para a reforma!

RESUMO DA COMÉDIA – Caros amigos, desculpem o didatismo, mas citei os “casos” acima pra dizer que, apesar de uma ou outra “vantagem” de se viver sob o peso de uma inflação absurda, ninguém que já passou por esta desgraça quer repetir a dose. Quem nunca passou, mas já está sentindo um “gostinho” de como pode ser (olha a tabela!), nem queira passar! Pela parte dos governos, nenhum que seja minimamente racional pode desejar esse inferno. Porém, mascarar números, enquanto salários sobem numa média de, no máximo, 6% ao ano, não é a solução. Isso faz com que a conta seja paga pelos de sempre – nós, os últimos fudidos (desculpem, mas o nome é este mesmo) da predatória cadeia capitalista. Solução?

Pode começar com o governo assumindo a agenda de campanha que o elegeu, e que foi deixada de lado pra que ele pudesse rezar todos os dias no altar do sacrossanto MERCADO. Não permitindo que preços de comida, que afetam a maioria absoluta dos brasileiros pobres (rico em nossa Terra é minoria e não se preocupa com isso), sejam decididos pelos malditos especuladores. Para estes não inporta se as suas fortunas continuarão subindo devido ao aumento do barril de petróleo (que custa US$ 10, no máximo, para ser extraído, mas já passou de US$ 130 nas bolsas especulativas dos EUA e Europa), ou do aumento forjado da saca de feijão ou arroba de carne.

E pode ser feito muito mais, como a criação de um preço máximo para a cesta básica alimentar, diferenciado daquele de exportação, etc. Admito que esta, ou qualquer outra solução fora da "cartilha" mercadológica, não é nada fácil em um país onde o presidente (um ex-operário que antes vociferava contra o capitalismo) é o pricipal defensor (mais a corriola ministerial), por incompetência ou por conviniência, do muitas vezes citado "mercado". Um governo em segundo mandado que não se preocupou, e continua não se preocupando, em criar as condições onde todos os brasileiros possam sobreviver da dignidade de um salário que mereça este nome, mas que optou pelo vexaminoso assistencialisto, o novo curral eleitoral.

Por último, já que perguntar não ofende, aumento da taxa de juro faz abaixar o preço da comida? Não parece. Estaremos assistindo o retorno dos “casuísmos” que antes o PT condenava? Se a vaca continuar indo pro brejo, num médio/longo prazo, veremos o Real ser transformado em “Real Novo”? Será que eu vou ter que pagar mais um cafezinho? (Niva dos Santos – junho de 2008).